2 de outubro de 2010

A polêmica das mamadeiras de plástico

Sempre ouvimos dos clientes que vem à loja a grande preocupação quanto às mamadeiras de plástico, principalmente depois da reportagem que saiu no fantástico falando sobre o risco de ferve-las na hora de esterilizar. Então, resolvemos pesquisar um pouco para tentar ajudar.


O texto abaixo é de autoria de Tamara Foresti e foi publicado na Revista Crescer:

 

Mamadeira de plástico faz mal?

O governo americano diz que não, mas é cada vez maior o número de pesquisas que comprovam que a substância contida nas mamadeiras e em outros utensílios de plástico podem ser perigosas. E você, usa ou não usa?

Continua a polêmica sobre o uso de mamadeiras plásticas nos Estados Unidos. O último estudo provocou ainda mais estardalhaço na imprensa internacional. Pesquisadores da faculdade de Saúde Pública de Harvard (Estados Unidos) analisaram por uma semana o nível de bisfenol na urina de 77 participantes que tomaram líquidos em garrafas de plástico. O resultado espanta: o aumento da concentração dessa substância na urina foi alto, chegando a 69%. Para os cientistas a situação seria mais grave quando o plástico é aquecido, ou seja, quando aquecemos a mamadeira e os potes de plástico.

A discussão já chegou ao Brasil, onde o objeto continua liberado. Dar ou não dar mamadeira de plástico? Para os especialistas, não há motivo para se desesperar, mas também não faz mal se precaver. "Se você já deu a mamadeira de plástico para seu filho, não se penalize. Não pense que ele fatalmente terá problemas, afinal, não há comprovações. Mas, se desconfiar do produto e ainda tiver tempo, opte pelo vidro que, inclusive, é mais fácil de limpar", diz Luciano Borges Santiago, vice-presidente do departamento científico de aleitamento materno da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas, lembre-se, além de não serem práticas, as mamadeiras de vidro podem quebrar, então, cuidado redobrado.


É SEGURO OU NÃO?

Desde a década de 1990, discute-se se o bisfenol-a, composto químico que dá maleabilidade ao plástico, prejudica mesmo o desenvolvimento infantil. A substância é liberada no alimento quando a mamadeira é aquecida e pesquisas feitas em animais sugerem que ela imita o efeito do hormônio feminino estrogênio.

As consequências no corpo humano, sugerem as pesquisas, podem ser desastrosas: problemas no aparelho reprodutor (entre eles, diminuição da testosterona, aumento dos testículos e puberdade precoce), predisposição para câncer, diabetes e hiperatividade. Por aqui, a Anvisa diz que não há motivos para se preocupar, pois o uso do bisfenol-a, dentro da quantidade estipulada pela lei (0,6 mg/kg), não é perigoso.

O governo americano também acha que não há motivo para tirar as mamadeiras de circulação. Após analisar estudos do FDA (agência que regula produtos alimentícios e farmacêuticos), eles deduziram que a quantidade e o tempo de exposição humana ao bisfenol-a não apresenta riscos. A substância é rapidamente metabolizada nos intestinos e fígado antes de cair na corrente sanguínea, sendo completamente eliminada pela urina.

A unanimidade está longe de acontecer. No Canadá, mamadeiras feitas com a substância estão proibidas. Na Califórnia (EUA), duas grandes redes americanas de lojas (Wal-Mart e Toys "R" Us) analisam seguir o mesmo exemplo. Ao lado deles, estudos como os da Yale School of Medicine (EUA) e da Universidade de Guelph (Canadá) descobriram que o bisfenol-a causa perda de conexão entre as células do cérebro, gerando problemas de memória e aprendizagem.

No Brasil, além das poucas alternativas às mamadeiras de plástico, as informações sobre o material usado nelas são escassas, uma vez que não há necessidade de colocar o nome da substância na embalagem.

Para diminuir o contato com o bisfenol-a, você pode:

- Comprar mamadeiras sem a substância. Normalmente, o bisfenol-a está presente no plástico número 7 (você vê essa identificação ao fundo do produto). Opte pela de número 5, que é feita de polipropileno.

Mamadeira NUK First Choice BPA Free, feita em polipropileno


 - Não aqueça a mamadeira de plástico nem no microondas nem ao banho-maria. Melhor esquentar o leite primeiro em um recipiente de vidro ou porcelana e, apenas depois, passar para a mamadeira

- Deixe o alimento quente o mínimo possível dentro do recipiente

- Renda-se ao vidro, mas fique atento enquanto seu filho o manuseia


 Mamadeiras de vidro  
 (o modelo acima é da Dr. Brown´s e possui sistema anti-refluxo) 

 - O momento da esterilização, ao ferver a mamadeira e suas partes, também pode liberar a substância. Para garantir a limpeza da mamadeira sem riscos deve-se lavar bem em água corrente logo após o uso

Fontes: Anvisa; Pedro Germano, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, em São Paulo (SP); Fernando Goulart, pesquisador tecnologista em qualidade do Inmetro, no Rio de Janeiro (RJ).

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