5 de outubro de 2010

Escola ou babá: o que é mais barato?

Escrito para o BabyCenter Brasil

Fernanda Ravagnani responde:

Comparou salário e mensalidade? Agora comece de novo

O que sai mais em conta para você? Contratar uma babá ou pagar a mensalidade de uma escolinha ou creche? O primeiro instinto é comparar o salário da babá à mensalidade da escola, e ver o que é mais barato.

Mas as coisas não são bem assim. Existem vários outros custos embutidos e escondidos, que você precisa levar em conta na hora de tomar uma decisão tão importante.

E, é claro, não é só o custo que vai ser analisado na hora de decidir. Mas é inegável que a questão dinheiro pesa -- e muito -- na escolha.

Vamos então ao custo. Para avaliar o que sai mais barato, você vai ter de sentar e fazer uma lista de gastos para cada uma das opções, mesmo que com valores aproximados. O melhor é fazer o cálculo de custo por ano, e não mês a mês, para incluir despesas extras de certas épocas.

Quais serão os gastos com a babá


  • Salário líquido: o mais comum é combinar com a funcionária exatamente aquilo que ela vai ganhar, sem os descontos.

  • Condução: muitas vezes o transporte é pago à parte. Você vai ter de combinar antes da contratação. Pela lei, empregados domésticos como a babá têm direito a vale-transporte. Você compra o vale-transporte em número suficiente para o mês, desconta 6% do salário da funcionária e banca o resto. Na prática, porém, muitos patrões não descontam os 6% e pagam a condução em dinheiro. O problema de pagar em dinheiro é que essa quantia acaba se incorporando ao salário, para fins legais.

    Para babás que dormem, o gasto com condução é menor. É preciso avaliar também a distância e o meio de transporte mais eficaz (ônibus entre municípios, por exemplo, costumam ser mais caros).

  • Contribuição para o INSS: funciona assim: o patrão paga 12% do salário, e a babá ou empregada doméstica, uma parcela que varia de 8% a 11%, dependendo da faixa salarial (você pode consultar na página da Previdência Social). Essa parcela é descontada do salário. Muitos patrões, contudo, pagam as duas partes somadas e não fazem o desconto. A contribuição precisa ser recolhida pelo empregador, todo mês.

    Lembre-se de que é importante registrar a funcionária corretamente, assinando a Carteira de Trabalho, e recolher a contribuição à Previdência sobre o salário real. A Justiça Trabalhista costuma dar ganho de causa a trabalhadoras que processam os patrões por não cumprir a legislação, e aí o prejuízo é bem maior.

  • Férias: assim como os outros empregados, as babás e empregadas domésticas têm direito a 30 dias de férias a cada 12 meses trabalhados, com bônus de 1/3 do salário (33,3%). Elas podem vender 10 dos 30 dias e recebê-los em dinheiro. Para este cálculo, imagine que sua babá vai vender os dez dias.

  • 13o salário: como todo empregado, a babá tem direito a décimo-terceiro salário.

  • Alimentação e moradia: calcule que a conta do supermercado vai aumentar, com mais uma pessoa comendo em casa. O mesmo vale para gastos de água e luz, no caso de a babá dormir.


  • Gastos opcionais ou eventuais


  • Substituição de férias ou folguista: é possível que você tenha de contratar alguém para substituir a babá quando ela estiver gozando as férias. Calcule uma verba também para contratar uma substituta para casos de imprevisto, como doença da funcionária. Isso é especialmente importante se você não tem parentes que morem perto e possam "quebrar o galho".

    A substituição também será necessária em caso de licença-maternidade da babá (você não vai pagar o salário-maternidade, mas provavelmente vai ter de contratar uma substituta).

  • Uniforme: se você quiser que a babá use uniforme, precisará fornecê-lo.

  • FGTS: a contribuição é optativa, de 8% sobre o salário ao mês. Empregadores que recolhem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço garantem à funcionária o direito ao seguro-desemprego, no caso de demissão. Mas ficam obrigados a pagar multa de rescisão se decidirem dispensar a babá. A multa é de 40% (demissão sem justa causa) ou 20% (demissão por força maior) sobre o valor do fundo acumulado no tempo de serviço.

  • Plano de saúde: o gasto é opcional, mas é um benefício que pode facilitar muito tanto a sua vida quanto a da sua funcionária. Preste atenção, porém, às mudanças de preço por idade. Leve em conta a idade da sua babá e veja na tabela do plano qual será o próximo grande aumento por faixa etária.

  • Quais serão os gastos com a escola?

    Agora é a hora de fazer a conta com os gastos considerando a escolinha. Não se esqueça de calcular um ano inteiro, em vez de um mês. Depois que tiver escolhido a escolinha ideal (sem se basear só no preço!), some:

  • Mensalidade: pergunte na escola quantas serão. Normalmente há um preço de anuidade dividido em 12 mensalidades. Isso quer dizer que, mesmo que não haja aulas um mês inteiro, nas férias, você vai pagar do mesmo jeito.

  • Taxa de matrícula ou reserva de vaga: muitas escolas cobram um valor anual que corresponde, em média, a uma mensalidade, como matrícula. Esse gasto acontece todo ano, em algum momento do segundo semestre (quando você menos espera!).

  • Material escolar: algumas escolinhas do tipo berçário cobram uma taxa de material por ano ou por semestre. Outras pedem que você providencie os itens de uma lista. De qualquer jeito você vai ter alguma despesa nessa área.

  • Uniforme: se for obrigatório, é um gasto considerável. Crianças pequenas perdem roupa rápido e, conforme vão crescendo, as roupas não duram muito (mancham, rasgam etc.). Além disso, dependendo da região, você precisa ter peças para todas as estações do ano. Dê uma passada na lojinha que vende os uniformes para se informar dos preços.

  • Alimentação: algumas escolinhas tipo creche ou berçário oferecem a alimentação inclusa na mensalidade. Outras não. Informe-se. Há escolas que têm um "pacote-alimentação" opcional. Se você for mandar lanche de casa, calcule mais ou menos quanto gastaria por dia. Produtos industrializados como bolos, bolachas e sucos acabam pesando bastante na conta do supermercado.

  • Transporte: Pense em como a criança vai chegar à escola todos os dias. Se for a pé, ótimo! Se não, mesmo que seja de carro, calcule o gasto, com combustível e estacionamento (e pense no tempo que vai levar). Caso vá usar transporte escolar, verifique o quanto custa. Você pode se surpreender!

  • Substituição para férias, emendas de feriado e períodos que a escola não cobre: informe-se para saber se a escola fecha nas férias e emendas de feriado -- aqueles dias em que você tem de trabalhar e não tem com quem deixar seu filho. Você vai precisar de um "plano B" para esses momentos, que podem ser bem frequentes.

    Da mesma maneira, a não ser que a escola seja em horário integral, você precisa levar em consideração o gasto que terá se precisar de outra pessoa para cobrir o período em que a criança não está em aula. Algumas escolas cobram taxa extra para estender o horário. Avalie o preço total.

  • Curso de férias: algumas escolas não fecham nas férias, mas cobram um extra, além da mensalidade, para receber as crianças nesse período. Pergunte com antecedência e inclua esse gasto nas despesas.

  • Substituição para quando a criança fica doente: um dos problemas da escola é que, quando a criança está doente, não pode frequentá-la. E aí você precisa arranjar alguém para ficar com ela em casa. Se você não tiver parentes que possam dar uma mão, pode pensar em arranjar uma folguista de confiança para situações de emergência.

    Infelizmente, quando pequenas as crianças ficam doentes com frequência, principalmente quando vão para a escola. Por isso você pode calcular no mínimo dos mínimos dez faltas por ano, sabendo que esse número pode chegar a 30 ou mais.

  • Taxa para excursões e festas: pergunte na escola se são cobradas taxas à parte para eventos e passeios, com que frequência eles acontecem e quanto custam, mais ou menos. Há escolas que cobram taxas a cada Dia das Mães, Dia dos Pais, festa junina, Páscoa, Carnaval etc. etc. E outras que promovem passeios bem caros.

  • Presentes: sem dúvida vão aparecer inúmeras festinhas de aniversário. Além disso, há o Dia dos Professores, Páscoa e Natal, quando existe o hábito de presentear professores e funcionários da escola. Saiba que, quanto menor a criança, mais professores ela terá, porque há berçaristas, auxiliares de classe etc. O gasto não é obrigatório, mas você vai acabar desembolsando um bom dinheiro. Mesmo que seja de todo coração, é preciso levar a despesa em conta.

  • Além do custo, o que mais considerar para decidir entre escola e babá?

    A decisão de colocar ou não seu filho numa escolinha ou contratar uma babá é muito pessoal, e o que funciona para uma família pode não funcionar para outra (às vezes funciona para um filho da mesma família e não para outro!). E também tem a ver com encontrar a pessoa certa, ou a escola certa.

    Saiba que não é uma decisão sem volta. Às vezes é preciso experimentar, voltar atrás, tentar uma segunda babá ou segunda escola para que a criança se adapte. E às vezes é só uma questão de esperar a criança crescer mais um pouco, ficar mais forte e madura.

    Inclua na sua análise outros fatores que nem sempre são quantificáveis. Por exemplo, se você tem mais de um filho, uma babá pode ajudar também com o filho mais velho. Ou talvez a profissional possa cuidar de alguma tarefa doméstica que lhe permita economizar com a faxineira, ou ganhar tempo para fazer hora extra e aumentar a renda.

    Já a escola pode oferecer descontos se você tiver mais de um filho. E, com mais de uma criança na mesma escola, você pode economizar um pouco com uniforme e material escolar.


    Prós e contras de ter uma babá

    Procuramos listar a seguir alguns pontos básicos para ajudar na sua escolha.

    Por que vale a pena

    Uma babá dá atenção individual ao bebê, ao contrário de um berçário ou creche, onde há várias crianças para serem cuidadas ao mesmo tempo.

    Isso possibilita que seu filho seja plenamente atendido e estimulado, e também que crie uma relação de afeto com essa nova pessoa, que muitas vezes acaba virando quase um membro da família.

    Além disso, por estar em seu próprio ambiente e continuar com sua rotina, o bebê tende a se adaptar melhor à sua ausência na volta ao trabalho.

    Outra vantagem é o alívio de saber que seu filho não terá que ser tirado de casa naqueles dias em que aparece um febrão ou dor de barriga de última hora -- um dos maiores pesadelos das mães que trabalham fora e não podem faltar a compromissos.

    Embora não seja uma escolha barata, o custo-benefício pode compensar se você tiver mais de uma criança e precisar pagar uma mensalidade escolar para cada uma.

    Problemas a considerar

    Sem dúvida nenhuma, ao somar pagamento de salário, impostos e condução, a despesa não é pequena e pesa no bolso. É sempre uma questão de olhar para o seu orçamento doméstico e decidir se dá mesmo para encarar ou até se é possível cortar outras despesas para poder arcar com os custos da babá.

    Outra questão que muitos pais e mães levantam é em relação à enorme confiança que têm que depositar em uma única pessoa para cuidar dos filhos, sem ter muito como checar o seu trabalho, já que não estarão em casa.

    A falta de convivência e de mais tempo para brincar com coleguinhas da mesma idade, como no ambiente de uma escolinha, também incomoda algumas famílias.

    E, por fim, a última desvantagem é que esta não é uma função com uma abundância de profissionais competentes e de confiança no mercado, e pode levar um bom tempo até você achar a pessoa certa.

    2 comentários:

    1. amei o blog e suas dicas!
      virei fã e seguidora!!!!
      bj
      da Li

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    2. Obrigada Lilian!
      Apareça sempre para ver os novos posts e deixe suas dicas!

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